O meio
Cheguei às 20 semanas, ao meio do tempo, a meio caminho entre o não ser nada e o começar a ser alguma coisa. Já estou um homem. Ou uma mulher. Passou num instante e as próximas 20 semanas (que esperamos sejam menos) ainda devem passar mais depressa.

Os enjoos passaram (se bem que hoje mesmo houve uma recaída mas deve ter sido para comemorar a vintena) e a barriga já não dá tréguas de maneira que todas as manhãs é ouvi-la reclamar que nada lhe serve, que as camisas estão todas a rebinchar, que tem de comprar roupa urgentemente para não parecer um saco de batatas (aqui que ninguém nos ouve, ela anda bem chata mas também deve ser uma chatice todos os dias procurar desesperadamente no armário qualquer coisa que ainda se consiga enfiar. E o que se conseguia enfiar na semana passada não significa necessariamente que se consiga enfiar nesta! Aliás, nesta fase não significa mesmo nada disso) .

E isto é o que eu assisto todas as manhãs. um olhar desesperado e vazio em frente aos armários em busca de salvação. Mas o que é que eu posso fazer? Não crescer? Isso seria pouco saudável e também não acho que a minha mãe queira. Hoje tínhamos consulta na nossa médica mas foi adiada para 4ª, é pena, estava com vontade de ouvir o meu coração novamente. E a placenta com voz de vento e o sangue a correr para o mar. Podia ser que me entusiasmasse para mais um pontapé. Se bem que tenho estado bastante activo ultimamente. Vou dando os meus sinais de vida, os tais que deixam a minha mãe na dúvida se é ou não é. Mas é, e eu já sou.

@ 11:53 da manhã